Passaram 15 anos....há coisas para as quais prefiro nem fazer contas, mas neste caso encanta-me que continue a ser o meu filme preferido ao fim de tantos anos.
Para quem não viu, acreditem que estão a perder a melhor homenagem que alguma vez se fez ao cinema a todos os níveis, e perdoem-me a presunção, mas se em 15 anos continuo a tê-lo como referencia do melhor filme que vi, até hoje, acho que mais do que nunca o deveriam ver.
Para quem já viu, e muito provavelmente vezes sem conta como eu, ficam a saber que originalmente o filme continha mais 50 minutos do que a versão que todos visionaram
A primeira, tem o encanto especial de nos fazer viajar pelo filme com uma ingenuidade tal, capaz de despertar em nós uma paixão por todos os personagens e historias de tal modo que fazemos uma deliciosa tradução poética da película
No fim ganhamos para sempre na memória um idílico poema de amor.
A versão actual, por outro lado acaba por ser o que considero uma cabula redutora de toda essa magia que a” primeira” versão nos transmitiu, e note-se que esta é de facto a verdadeira, mas que se traduziu num fracasso de bilheteira , quando se estreou nas salas italianas.
Só após a sua remontagem com o corte desses 50 minutos e após ser premiado em Cannes com Grande premio do Juri e ter recebido o Oscar para melhor filme estrangeiro é que Giuseppe Tornatore viu finalmente o seu trabalho merecidamente reconhecido.
Mas se estou a sugerir a sua visualização, é porque acho importante conhecer a obra por inteiro tal como foi idealizada sem aperfeiçoamentos, apresentando paralelamente á versão poética uma versão real. As entrelinhas desaparecem para dar lugar á constatação de factos. A realidade rouba a ingenuidade. Um belo poema é exposto por um dicionário gramatical.